Abstract The Art of Design: a designer gráfica Paula Scher

No sexto episodio da série Abstract: the art of design, dirigida por Richard Press. veremos  por diferentes perspectivas a influencia do design gráfico na forma como o mundo se apresenta a nós. Desde a cartografia até a perspectiva do observador, iremos desvendar o trabalho inconfundível de Paula Scher. Artista que viu que Nova York é uma cidade de letreiros e fez da tipografia a sua voz.

SER-PRECISO

Esse episódio fala de influencias  diretas ou indiretas, das referencias que estão por toda parte. Paula não teve artistas na família, Seu pai era um engenheiro civil obcecado com a precisão, como ela diz, tanto que  projetou um dispositivo para corrigir como a curvatura da terra afeta fotografias aéreas. “Isso é o que eu aprendi quando criança. Ouvi palavras como “distorção” e para mim isso significava que os mapas estavam mentindo. “

Por ter um QI muito alto numa área chamada raciocínio quantitativo. Paula descobre sua  habilidade para juntar informações e chegar a uma conclusão. Começa com diagramas e tabelas complexos, ou irônicos, trabalhos que falavam dela de sua imagem e aparência. até aperfeiçoar o que ela chama de  ato tecer pedaços de informações para criar uma coisa maior. Seus Mapas.

OS SONS DAS PALAVRAS

Paula inicia sua carreira criando capas de discos nos anos 70. Como diretora de arte sênior na CBS Records (agora Sony), aos 26 anos, ela era responsável pelo design e produção de cerca de 150 álbuns (12 x 12 formato) num ano.  Ali inicia sua paixão por tipografia. A partir da interpretação sobre a  identidade de cada  artista, é no meio musical  que sua arte começa a ser notada e reconhecida.

E outra vez citamos as referencias de nossa protagonista. Ao longo de sua carreira suas obras passaram a ter forte  relação com o sentido da audição, baseada em suas próprias experiências. Como sua inspiração declarada se trata da cidade de Nova York, é possível que esse sentido em Scher seja mais aguçado e atento aos sons das ruas e que esta característica seja transmitida à seus trabalhos.

Influenciada pelo Construtivismo Russo Paula teve o privilegio de produzir, diversos trabalhos que dizem respeito à shows, espetáculos de dança, peças de teatro, etc. Através da sensação que se têm ao ouvir os sons, nota-se que nossa artista têm a intenção de se valer das palavras como se fossem as ondas sonoras ou instrumentos musicais.Essa característica  pode ser notada em diversas obras.

A serie Abstract também nos apresenta a Pentagram, uma cooperativa de design localizada no coração da Ilha de Manhattan, que possui os beneficios de uma grande empresa, mas onde todos podem agir como indivíduos. Nesse time, desde 1994, Paula cria os designs para o The Public Theatre  que inicialmente necessitava de uma  Linguagem visual que fundisse as várias identidades da instituição, que simbolizasse toda a cidade e nossa protagonista responde com uma simbologia totalmente nova para instituições culturais.

A partir dessa relação com o Public, Paula e sua equipe vem criando mini-identidades distintas para as campanhas de cada temporada de produções.o que se tornou um costume que já vem sendo praticado nos ultimos anos. As peças são primeiro visualizadas nas promoções de verão para Shakespeare in the Park. A serie documental da Netflix registra o andamento e aprovação desse processo que originalmente será visto na campanha “Love v War” e trará  a forte tipografia do Public, cercada por bolhas de discurso e linhas radicais.

A tipografia pode criar muito poder. Poder que Paula transfere para diversas marcas que ganham as ruas. Suas identidades gráficas para Citibank, HighLine, Tiffany e Co e Windows 8, por exemplo tornaram-se estudos de caso para a regeneração contemporânea de marcas americanas clássicas.

 IDENTIDADE EMOCIONAL

“O design precisa levar o comportamento humano em conta”.  Assim, paula foi contratada para criar o que chamaria de sistema de sinais emocionais de Rockawey Beach. Região devastada após o furacão Sandy e que teve toda economia  arrasada após o desastre. Seu trabalho conta a história do lugar anteriormente conhecido por calçadões de madeira e montanhas russas através de grandes posteres que através de  fotos, invocam essa memoria do passado. O Intuito era  ajudar as pessoas a se orientar quando chegassem a praia porém as placas também conectaram a comunidade emocionalmente. A apropriação foi tamanha que as placas tornaram se postais, uma identidade emocional .

O DESIGN DE DENTRO

Com o avanço da tecnologia. Os profissionais deixam de executar trabalhos a mão e avançaram para o computador. fazendo com que o design mais interessante se tornasse digital. Paula começa a pintar nessa época,  para não ter essa perda física. Na calma e no silêncio de sua casa na região rural de Connecticut. Começam a surgir os mapas.

Mapas que além expostos e publicados, se tornaram pele para espaços internos tornando-se  coisas físicas mais do que projetos que vivem em telas. Design gráfico para ambientes se tornam  uma maneira de projetar no mundo real, não o virtual.

Esses Mapas, talvez sejam referencia a alguém que de alguma forma mostrou essa perspectiva sobre o mundo a paula e que ela se apropriou da forma mais original. Imprecisos, mas repletos de informações moldadas de forma artística. Fazendo com que as letras falassem.

Seu pai, que achava arte uma estupidez, ainda em vida pode ver dois de seus projetos cartográficos. Com receio sobre sua avaliação ela se surpreende ao ouvir  o inesperado. “Eu nunca fiz nada tão criativo”.

Diretor de Relações Externas na FeNEA e Coordenador de Projetos e Obras na empresa Educafro

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